6.6.06

Estou postando abaixo um artigo do jornalista Eduardo Ramos. O Eduardo é um grande amigo de Rondonópolis, foi meu chefe nos tempos de repórter na TV Cidade e meu sócio na empreitada do site Primeira Hora. É uma honra publicar aqui o texto sempre primoroso do Eduardo, que escreve diariamente no jornal Diário Regional, de Rondonópolis. Sempre que possível publicarei os textos do Eduardo Ramos aqui.

Artigo
Preparando os sacos eleitorais

Eduardo Ramos *

É incrível. Praticamente a quatro meses da eleição a indefinição no cenário nacional ainda paralisa o debate político. Apesar das conversas informais, as convenções que definirão os rumos dos principais partidos só começarão no próximo fim de semana. No domingo o PSDB faz a sua em Belo Horizonte, enquanto o PFL define-se oficialmente no dia 14. A espera será ainda maior no PT e PDT (24 de junho), no PSB (28), no PMDB (29 de junho) e no PL (30 de junho).

É verdade que esse atraso é provocado pela própria Legislação Eleitoral, que define os prazos. Mas a indefinição reinante deve-se a questões mais profundas que meras formalidades legais.

O problema é que, com raras e honrosas exceções, muitas dessas alianças serão definidas com base em interesses imediatos, regionais ou na simples troca de vantagens entre as lideranças partidárias. Daí a disposição em adiar ao máximo a decisão, dando tempo para as barganhas e acomodações de interesses. Daí também as alianças esdrúxulas, que atordoam os eleitores e não garantem, por si, a sustentação política ou mesmo uma oposição coerente aos eleitos no Executivo.

Bom seria se as alianças partidárias fossem formadas a partir de identidades programáticas, de projetos nacionais. Assim veríamos os políticos se unindo por conta de princípios ideológicos, ou mesmo morais. Não teríamos tanta dificuldade em distingui-los e nem nos assustaríamos, a cada pleito, com as cenas de inimigos históricos se abraçando num mesmo palanque apenas para nos enganar.

Como na política Brasileira o ideal está cada vez mais distante do real, fica o conselho: não basta apenas ver com quem eles andam para saber quem eles são.

Se não aguçar bastante seu senso de análise, provavelmente o eleitor levará gato por lebre – afinal, na nossa política, eles costumam freqüentar os mesmos sacos.

* Eduardo Ramos é jornalista
Artigo publicado originalmente no jornal Diário Regional

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