20.11.07

Um ano de Irlanda!

Na semana que passou completamos um ano de Irlanda. Sei que é lugar comum, mas parece que foi ontem. Entre todo o estresse dos preparativos da viagem e hoje tudo passou incrivelmente rápido. A experiência até aqui foi mais do que proveitosa e nos sentimos realmente em casa na Irlanda.

Nunca escrevi muito sobre minhas impressões de Dublin em parte porque fui absorvendo muito da cidade e também acabei absorvido pelo dia-a-dia aqui. Hoje tudo flui tão naturalmente que dificilmente paro para divagar sobre o que acontece.

Dublin é uma cidade que eu escolheria para morar. Definitivamente. Tem um tamanho adequado, com pouco mais de dois milhões de habitantes. Não é agitada ou parada demais. Por sua origem medieval, Dublin é bastante concentrada. Na idade média a cidade possuia muros que a cercavam e alguém dando um passeio numa tarde chuvosa (suponho que o clima era a mesma tristeza naquela época) não demoraria pouco mais de uma hora para cruzar os seus limites.

Este fato torna a locomoção relativamente fácil hoje em dia, já que tudo está bastante concentrado. Além disso, apesar das críticas de alguns Dublinenses, o transporte coletivo é bastante eficaz. Os ônibus comportam bem a demanda e para algo mais rápido existe o Luas (do Gaélico, speed, ou veloz), o nosso glorioso metrô de superfície por aqui. Quem reclama de transporte coletivo aqui não faz idéia do que é precisar disso no Brasil.

Algumas vezes Dublin parece uma cidade de interior. Não é tão difícil esbarrar conhecidos no centro da cidade durante as compras. Por outro lado, ao embarcar num ônibus você logo percebe o que a integração com a União Européia fez: ouve-se no mínimo três ou quatro idiomas diferentes que não seja inglês. A cidade tem esse perfil cosmopolita também.

O que faz Dublin atrativo para brasileiros, chineses, maurícios, árabes, poloneses, ucranianos e outros milhares de imigrantes é o barulhinho da caixa registradora: o dim dim, a bufunfa, money...os Euros que correm soltos semanalmente ou mensalmente dependendo do trabalho que você arrumar. Com um chamado sub-emprego vivesse bem por aqui. É possível ter TV de plasma, laptop e passar as férias de verão em Ibiza ou ilhas gregas. Nada mau.

Para a turma do leste europeu é tranquilíssimo. Com passaporte europeu eles podem trabalhar a vontade sem ter que se preocupar com a limitação enfrentada por quem possui visto de estudante (como eu). Em média, ganha-se cerca de 300 Euros por semana em trabalhos como lojas de fast-food, restaurantes e hotéis. Este mesmo valor é a média paga por mês no leste europeu. Sacou?

Os campeões são os poloneses. Eles estão por toda parte, possuem jornal, salão de beleza e lojas com produtos poloneses. Mas não são os únicos. Nós mesmos dividimos o apartamente com um casal de húngaros. Gente boa, mas depois de um ano posso dizer que a tarefa de dividir casa não é lá das mais fáceis. Com irmão, irmã já é difícil imagina com amigos. Mas diante de todas as dificuldades que já ouvimos de quem passou ou passa pela mesma experiência, podemos nos considerar pessoas de sorte.

Outra boa surpresa foram os irlandeses. Na média são muito receptivos e quase sempre estão prontos a ajudar. Se você abrir um mapa no meio da rua não irá demorar para alguém encostar e perguntar se pode ajudar. Já ouvi de muitos irlandeses que esse costume se dá em grande parte porque o povo irlandês imigrou para todo mundo atrás de melhores condições. E agora, que estão passando por um bom momento, acreditam que é hora de receber imigrantes e oferecer-lhes boas oportunidades.

Muito bacana, mas em poucos anos sem dúvida o governo irá começar a restringir e impôr maior controle sobre a imigração. Na prática, algumas alterações já andam em curso.

Quanto ao clima irlandês não há rodeio: é uma merda. Chove e faz frio doze meses por ano. Com a diferença que no verão é menos frio e chove mais. Uma merda. Entre os próprios irlandeses é meio que consenso sobre o clima. Não é raro quando dizemos para um local que somos do Brasil seguir a pergunta "o que vocês estão fazendo neste clima?". Fazer o quê? Tudo é experiência.

Agora que completamos um ano começa meio que uma contagem regressiva. No final de maio próximo termina nosso visto e daremos outro rumo a nossas vidas. A não ser que algo muito extraordinário venha mudar nossa decisão, já combinamos que a Irlanda já rendeu o que tinha de render. Vamos ver quais serão os próximos passos.

0 comentários: