27.1.08

Diário do Alentejo

A experiência de visitar o quarto país durante nossa estadia no velho mundo foi próxima de uma volta para casa. A viagem foi rápida, meio a trabalho, meio a passeio, mas deu para sentir um pouco do clima lusitano.

A primeira parada foi na cidade de Évora, capital da região do Alentejo. A sensação de andar pelas ruas estreitas e em meio a casarões lembra qualquer cidade histórica de Minas ou Goiás. Aliás, clima e vegetação também lembraram bastante Brasil. Sair da média dos seis graus de Dublin para uma média de 18 graus em Évora não foi nada mau.

Em meio aos casarões de estilo colonial (colonial para nós, que para eles é "daqui mesmo", segundo um dos nossos guias), despontam colunas do Templo de Diana, herança da presença romana em Portugal. As praças, as ruas de calçamento de pedras...tudo convida o visitante a abandonar o carro e andar por Évora sem preocupar-se com o tempo.

Dormimos uma noite em Évora e no dia seguinte rumamos para Lisboa. Na minha opinião, uma das capitais mais bonitas que visitamos até agora. E olha que nem deu tempo de rodar muito por Lisboa. É impossível deixar de identificar aqui e alí legados arquitetônicos que vemos todos os dias em cidades brasileiras.

Deixamos o centro da cidade velha e fomos para foz do rio Tejo, onde estão a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos. Um momento de reflexão e o pensamento de que dalí, quinhentos e poucos anos atrás, partiram barcos para nos encontrar, desencadeiam um sentimento de reencontro com nossas origens. Um pouco datado, eu sei. Mas ainda penso que é um lugar que não pode deixar de ser visitado estando em Portugal. Principalmente por brasileiros.

A linguagem é mais próxima do que imaginava. Apesar que se um camarada português desanda a falar rápido demais a coisa complica. Já tinhamos ouvido também sobre o temperamento lusitano, um tanto quanto áspero. De brasileiros, escutamos alguns absurdos, que não se confirmaram, como receber destratos o tempo todo.

Nós tivemos a felicidade encontrar mais pessoas amigáveis do que o contrário. Acho que um pouco do temperamento português é característica mediterrânea. Mas é claro que, em se tratando de brasileiros, sempre haverá também uma pitada de história entre colônia e reino, além da atual invasão brasileira, seja nas ruas onde é possível encontrá-los em todo tipo de trabalho ou nas novelas, que invadem o horário nobre deles. Os mais conservadores não olham com bons olhos essa tendência.

O fato é que para nós ficou um gosto bom dessa visita aos nossos antepassados e uma volta a Portugal definitivamente não está descartada.

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