1.2.08

O "carrinho" irlandês

na carne brasileira

Em menos de uma semana Brasil e Irlanda se enfrentam em um amistoso de futebol aqui em Dublin e o clima é o que pode-se chamar de “friendly”. Irlandeses adoram a nossa seleção e não se envergonham de apostar em uma goleada por parte do time brasileiro. Mas em outro campo, bem diferente daqueles com traves e linhas, a conversa é outra.

No recente episódio em que a União Européia impôs sérias sanções à carne brasileira, a Irlanda posicionou-se contra um bloqueio parcial ao Brasil: defende um bloqueio total à carne brasileira. Irlandeses sabem jogar duro. São, historicamente, um povo que não tem medo de defender seu espaço, custe o que custar.

O bloqueio, proprimante dito, já faz parte de uma série de ações desenvolvidas por produtores irlandeses e ingleses para provar que a carne brasileira não atende às exigências sanitárias européias para exportação.

Entre as atividades para “desmascarar” a carne brasileira, estão panfletos (clique na figura acima para aumentar) que foram espalhados pela Irlanda e até um polêmico vídeo clandestino, em que os investigadores visitam uma suposta fazenda produtora de gado de corte no Brasil e comprovam o uso de métodos em desacordo com aqueles exigidos pela UE. O vídeo tem até o selo da Associação de Produtores de Carne da Irlanda (confira o vídeo abaixo).

A pressão irlandesa durante quase todo o ano de 2007, aliada a falta de habilidade do governo brasileiro em atestar a confiabilidade de seu produto deu no que deu.

Não foi surpresa, portanto, o bloqueio ter recebido um relativo destaque no noticiário irlandês. O próprio presidente da Associação de Produtores de Carne de Irlanda, Padraig Walshe, declarou hoje ao jornal Irish Times que o bloqueio é bem-vindo e que faz parte de uma campanha de cerca de dois anos para comprovar a fragilidade do sistema sanitário brasileiro.

A União Européia já mandou um recado de que não ficará refém de nenhum fornecedor, correndo assim um risco de desabastecimento. E não só irlandeses, mas também australianos, ingleses e até os hermanos uruguaios estão de olho na oportunidade de suprir um mercado com alta demanda. Ainda mais que o Brasil, maior exportador de carne do mundo, levou o primeiro “carrinho” nesse jogo nada amistoso.

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