29.4.08

Dengue XP

Estava assistindo uma reportagem da Record Internacional sobre o surto de dengue no Rio de Janeiro e uma cena me chamou a atenção. Era de uma mãe, que lamentava a perda da filha em decorrência da doença. Enquanto dava a entrevista, a foto da garotinha aparecia não em um porta retratos, mas em uma tela plana de computador, na casa da família.

Na imagem aberta da câmera, além da mãe e da tela de computador, era possível observar alguns detalhes da casa, extremamente simples. A parede sem o reboque e móveis ainda por trocar. Talvez depois que as feridas causadas pela perda da filha tiverem se fechado por completo.

Ou afinal essa é ou não é a essência do brasileiro? Seguir com um sorriso no rosto apesar de todos os pesares. Um sorriso no rosto e um crediário no bolso.

Não é de estranhar que Lula vá ao Rio de Janeiro lançar obras do PAC e sequer se prontifique em visitar os hospitais onde milhares de pessoas aguardam por atendimento. O surto de dengue vai ser controlado, mesmo que para isso dezenas de pessoas tenham que morrer. A epidemia e as mortes vão ser esquecidas, mas a tela plana e o mp3 player vão ficar.

Do tempo em que se trocava votos por um pé de botina ou a parte de cima da dentadura que políticos sabem que investir em escola ou hospital não garante ibope. As pessoas tendem a se preocupar com que vêem e a percepção de mudança se dá muito mais quando aumenta o poder de compra. Como consequência aumenta também a aprovação do presidente Lula, que continua nas nuvens. Acima da nuvem de mosquitos que paira sobre o Rio, é claro.

O Brasil se desenvolve caolho, capenga, desdentado e...com dengue. A economia vai bem, mas os sistemas de educação, saúde, transporte permanecem encalhados. Sem falar da ética, que já foi para o brejo no segundo ano do governo Lula.

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