7.7.08

Encruzilhadas
Capítulo 2 - Parte 2

Quando Francisco saiu da rodoviária viu algo completamente diferente daquilo que sua imaginação criara sobre o que seria a sua primeira visão de Brasília. Ele atravessou o estacionamento a espera de ver alguma das imagens que estava acostumado a ver na tevê. Mas ao invés dos edifícios famosos, apenas largas avenidas com carros em alta velocidade. E nada de pessoas.

Francisco voltou ao ponto de taxi para pedir uma informação. Sabia que não podia dar-se ao luxo de pagar uma corrida de taxi. Não tinha a menor idéia do que aconteceria nos próximos dias e tinha de poupar ao máximo suas economias. O taxista, meio mau-humorado, disse que Francisco encontraria hotéis se caminhasse em linha reta a partir da rodoviária. Essa era sua primeira necessidade.

O céu estava limpo. Sem uma nuvem sequer. Apesar do calor, uma brisa da manhã tornava a temperatura mais amena. Francisco atravessou a primeira larga avenida e avistou uma outra a sua frente, que parecia não ter fim. Caminhou no meio do gramado e sentiu uma solidão sem fim, entre os carros que iam de um lado e voltavam do outro.

Estava desorientado e começava a se perguntar se não estaria no lugar errado. Talvez Brasília ainda estivesse a alguns quilômetros de distância. De onde estava avistava prédios de ambos os lados, mas nada de vida. Continou caminhando até que avistou uma estátua de um homem, posicionada no topo de um prédio sem janelas.

Concluiu que só poderia ser um monumento a Juscelino Kubitshek. Apesar de não ter avançado tanto com os estudos, Francisco havia sido um aluno aplicado até concluir o segundo grau. Talvez até pelo silêncio imposto pelo seu pai, refugiava-se nos livros forncecidos pela escola. Ou então concentrava-se nas notícias dos telejornais. Tinha, portanto, uma visão geral do mundo e da história.

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