16.2.08

A origem das coisas


Na visita a Portugal, decidi comprar algo em português para ler. Optei por um livrinho que ilustrasse essa ida ao "reino" e me lembrasse da "colônia". O Português que nos Pariu, de Angela Dutra de Menezes, é leve e explora alguns pontos que ajudam a entender a origem de alguns costumes brasileiros. Algumas passagens que estou lendo atualmente são incrivelmente apropriadas:

"Um dia, no início do século XIV, os inquiridores esbarraram com um espetáculo degradante: nobres trabalhando de sol a sol, igual a plebe ignara."

"Sua majestade, Dom Dinis I, quase desmaiou escutando a novidade. Diante da gravidade da situação, convocou urgentemente uma Corte para resolver o castigo aos nobres desmiolados, capazes de se humihar trabalhando - credo, que baixaria."

"Instalou-se em nossas mentes a ideologia da preguiça, única atividade capaz de emprestar status. Incrível, ainda há quem acredite ser 'fino' não trabalhar - desde que conservadas as tradições de requinte."

Qualquer semelhança com a nossa realidade é mera coincidência. Enquanto o povão se rala, derramando suor na labuta, a nossa corte se refastela no luxo, gastando por conta nos cartões corporativos e outras regalias.

Ah! Mas teve eleição...o povo escolheu estes que estão no poder. É bem verdade. Mas quantos não vêm de famílias tradicionais, principalmente nos estados do Nordeste, onde sobrenome é que põe o pão na mesa? E em quantas mesas as crianças têm que beber água suja de açude e comer calango?

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