4.3.08

O quiproquó sul-americano - parte 2

O bonde da história passou

Evo Morales poderia ser um ícone a entrar para história (bem como um tal metalúrgico que chegou a presidência por aqui, mas calma…chego nele depois). O presidente eleito da Bolívia representa a ascensão ao poder dos donos originais destas terras: os indígenas. Um indígena, vindo da classe trabalhadora, assumindo a cadeira de presidente de uma república não é pouca coisa.

Ele se elegeu com o compromisso de devolver ao povo boliviano o que era do povo boliviano. Por isso concordei com a atitude de Morales quando este nacionalizou os recursos naturais do país. Principalmente o gás. E aplaudi quando o governo brasileiro decidiu escolher o caminho do diálogo com a Bolívia, mesmo vendo as refinarias da Petrobras sendo ocupadas.

Mas o que veio depois foi só decepção. Morales, ao invés de cuidar da sua vida e do seu povo, preferiu alinhar-se a Hugo Chávez na concretização da República Bolivariana, desrespeitou acordos internacionais na venda de gás para Brasil e Argentina e passou a especular mudanças constitucionais visando fortalecer-se no poder.

Por aqui, como disse, outro cidadão perdeu a chance de entrar para história. Vindo da classe operária, com objetivos fortemente calcados nas questões sociais e com responsabilidade econômica, Lula tinha tudo para ser um presidente com uma biografia a altura de Juscelino Kubitscheck – a quem Luiz Inácio de tempos em tempos insiste em se comparar. Mas que cá entre nós: de quem também ele chega sequer aos pés.

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